http://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2014/11/12/avancos-das-baterias-nao-acompanham-evolucao-de-celulares-diz-perita.htm
"Trava química" impede que duração da bateria cresça com rapidez do celular
Larissa Leiros Baroni
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo
Se há uns três ou quatros anos as cargas chegavam a durar até uma semana, atualmente, no entanto, o tempo entre uma recarga e outra dificilmente ultrapassa 24 horas. Por que isso acontece? Será que as baterias não acompanharam a evolução dos celulares? Ou será que não se adequaram ao novo comportamento dos usuários?
Maria de Fátima Negreli Rosolem, perita em sistemas de energia do CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações), afirma existir uma desproporção dos avanços dos celulares e das baterias. Uma diferença que, segundo ela, 'atravanca' de certa forma o desenvolvimento do setor de telecomunicações.
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Quem
usa smartphone sabe que um dos pontos fracos do aparelho, independente
da marca, é a duração da bateria. Isso ocorre justamente porque as
funções ""inteligentes"" consomem a energia do celular para funcionarem.
Mas alguns ajustes pequenos nos smartphones podem fazer a bateria durar
mais nos sistemas Android e iOS; veja a seguir Arte UOL
Para João Carlos Lopes Fernandes, professor de Engenharia de Computação do Instituto Mauá de Tecnologia, não dá para dizer que não houve uma evolução tecnológica das baterias, mas elas ainda são insuficientes para atender a demanda dos usuários.
"O perfil dos consumidores mudou significativamente. Antes os celulares, que serviam basicamente para receber e fazer chamadas, passavam a maior parte do tempo no modo standby. Hoje esses mesmos usuários passam 24 horas por dia conectados à internet pelo dispositivo móvel."
Consumo que, segundo ele, ganha ainda mais peso com a velocidade das redes. "Antes o acesso à internet era garantido pela rede 2G, que está sendo substituída pela 3G e 4G, e quanto maior a velocidade, maior o consumo da bateria." Ainda assim Fernandes cita evoluções consideradas importantes dos sistemas de recargas: "Nos primeiros celulares, na década de 1980, a bateria durava entre 5 e 10 minutos de uso. Sem contar nas recargas que levaram até 24h para serem concluídas", acrescentou ele.
Mesmo reconhecendo o aumento das funcionalidades dos smartphones --que levaram o computador para o celular-- e demandam uma potência cada vez maior das baterias, Maria de Fátima também destaca a intenção do setor de materiais em criar produtos que tenham durabilidade maior, menor tempo de recarga e vida útil superior aos atuais quatro anos. "A evolução está constante, mas é mais lenta do que a eletrônica. E essa lentidão, para os mais leigos, chega aparentar uma estagnação. Mas isso não é verdade", afirmou.
"Países asiáticos, assim como os Estados Unidos, têm investido muito dinheiro para encontrarem soluções mais eficientes. O setor ganhou ainda mais força com a chegada dos veículos elétricos, que também demandam evoluções nos sistemas de baterias ainda mais complexas do que as de celulares, mas que podem ser adaptadas", apontou Maria de Fátima.